
Vindos do norte alentejano, da cidade de Diana, Pucarinho é um projeto nascido em 2008 e lançou, recentemente, o seu primeiro longa-duração, “Na Rua Amarela”. Do jazz ao blues experimental, roçando o bossa nova salpicado de folclore dos Balcãs, Pucarinho relatam, numa voz minimalista mas profunda, frames dum quotidiano bem atual.
Depois do EP de 2008 “O quarto de vidro na cidade de pedra”, Pucarinho completa a banda sonora das histórias das noites gastas do sul do país. Apesar de distarem mais de cem quilómetros da capital lusa, Pucarinho soa às noites tardias e exaustas do boémio Chiado, fedem ao excesso cansado dum dia em que se viveu demasiado. Mais um contador de histórias do que um cantautor, Luís Pucarinho, pai fundador do projeto, transporta o público para um lugar-comum mas sentido de uma forma muito diferente. De perna cruzada e guitarra no regaço, Luís interpreta com brincadeiras de palavras e ideias os pensamentos de todos os que vivem num país de agora e de ontem; vivido é o caso de “Filho da Mãe” – do EP – um jogo apertado de vocábulos duros e densos que mostram um episódio antigo num ska bastante apertado. A guitarra folk, tocada por Zé Peps, tinge de blues o som da banda que se assume como metamórfica e versátil aos palcos e aos públicos; a faixa “Sinto Falta de Ar” é reflexo disso mesmo, um progressivo blues que recupera peças de um folclore celta, com ajuda de André Penas na viola d’arco. De certo não há muita banda que goste de ser rotulada ou comparada, e Pucarinho não foge às tendências, todavia são inegáveis as semelhanças com Sérgio Godinho, no que toca à métrica das canções, ou JP Simões ou Chico Buarque, pelo timbre do outro lado atlântico e a adição dos arcos. Daniel Meliço, na bateria, e Afonso Castanheira, no contrabaixo, completam o set do projeto.
Com um sonaridade bastante íntima em palco, pecam pela ausência dos sopros, refinadamente acrescentados no álbum, mas deviam integrar as atuações. Não tarda, e se os ventos os levarem a bom porto, Pucarinho serão banda sonora de uma qualquer produção nacional de ficção; pois abraçam um conjunto de clichés auditivos que apraz em muito as audiências. Acompanhando a recente onda lusófona da música nacional, Pucarinho mostram-se atrevidos até e dão cartas para alcançar os ouvidos dos portugueses. Recomenda-se a audição acompanhada um velho copo de vinho, quer do Alentejo ou não; combinação fatal.
Daniel Sallves
Caro Daniel
ResponderEliminarMuito obrigado pelas tuas palavras e pela atenção dada ao nosso projecto, queria no entanto pedir-te a atenção para o meu nome que é Zé Peps ou Zeps e não Daniel Peps como escreveste na tua peça
Um abraço e obrigado